Aluna da Faetec publica livro sobre mulheres históricas de Campos e torna-se best-seller na região

Uma menina prodígio, assim é conhecida por amigos e parentes a escritora Ana Luísa Souza, de 17 anos; que cursa o 3º Ano de Análises Clínicas na Escola Técnica Estadual João Barcelos Martins (ETEJMB), unidade vinculada à Rede Faetec, em Campos, no Norte Fluminense. Ela é autora de um livro que se tornou um best-seller regional. O lançamento de “Aventuras femininas na Planície Goytacá”, que relembra a história de 16 mulheres campistas cuja trajetória marcou a cidade, aconteceu no início último mês, e já é um sucesso de vendas, com aproximadamente 450 exemplares já comercializados.

Desde muito cedo, a autora já demonstrava ser uma pessoa comunicativa. Com um ano e meio, já formulava frases complexas para idade. A inspiração para o livro se deu durante uma viagem a Vassouras, uma cidade que reverencia sua história fortemente, quando ela tinha 12 anos.

“Fiquei encantada com o respeito à História que aquela cidade tinha. A valorização da população à cultura e ao legado histórico. De volta a Campos, minha percepção mudou muito. A nossa cidade tem tantos cenários incríveis, porque as pessoas não têm a percepção de morarem em uma cidade histórica também? Comecei a pesquisar, estudar e me apaixonei pelo que descobri. Desde então, comecei a pensar o que poderia fazer para que os campistas pudessem conhecer mais a história e veio a ideia do livro”, disse a escritora.

A personagem principal se chama Maria, uma menina abandonada na porta de um orfanato na Vila de São Salvador (nome da cidade de Campos antes de ser elevada à categoria de cidade), ainda no Século 18. Depois de 14 anos, a adolescente foi adotada por uma mulher muito influente, que a ensina a lutar pelo que acredita e a ser perseverante. Os anos se passaram e ela foi abençoada por uma deusa indígena, chamada Jaci, que a presenteia com o poder de viajar no tempo. Ela encontra com todas as mulheres e insiste para que elas não desistam das suas missões. E cada uma dessas mulheres fez parte da mudança da História de Campos. São mulheres campistas, entre outras, como Benta Pereira, Finazinha de Queiroz e Mercedes Batista, mulheres que passaram pela 2ª Guerra Mundial, por exemplo.

Ana Paula Queiroz Pessanha de Souza, mãe da escritora e conselheira tutelar na cidade, vê com naturalidade, mas também com muita emoção a trajetória literária da filha.

“Ana Luísa nasceu numa casa com livros, sempre foi uma menina muito inteligente e precoce. Tenho certeza que isso é só o começo, ela vai despontar e continuar fazendo história na nossa cidade. Eu como mãe não tenho como descrever a emoção e felicidade de saber que uma filha tão jovem no seu primeiro livro se tornar um best-seller. Como conselheira tutelar, gostaria que outras crianças tivessem oportunidades também porque no meu trabalho acompanho muitas crianças talentosas”, disse a mãe orgulhosa.

“O objetivo do livro é resgatar a história da cidade e apresentar ao público as mulheres revolucionárias, com bastante representatividade na história do município, com um misto de ficção e História”, disse Ana, que já prepara um segundo livro.

A adolescente relata que teve bastante dificuldade: primeiro com a pandemia, com os bloqueios criativos, devido à falta de contato com os amigos da escola e disponibilidade aos locais para pesquisar.

“Quando somos jovens, não nos dão muita importância. Não tive muitos acessos aos locais de pesquisas, não dão credibilidade, e fiz toda essa narrativa na pandemia. Tive que vender doces nas ruas e também dar aula particular. O município precisa valorizar os escritores locais, incentivar a escrita, e também fazer um investimento na produção científica”, desabafou.