FAETEC Ferreira Viana cria Laboratório para Conservação de Documentos Históricos

  • Imprimir

Numa época em que a preocupação em preservar a memória de uma cidade tem sido constante, propostas que visam resgatar e manter esse legado são fundamentais. Antigas casas e outros espaços e alguns objetos antigos já não existem mais, restando apenas fragmentos, fotografias e, em alguns casos, registros em documentos que contam parte dessa história. Hoje, esses acervos possuem riqueza cultural, material e afetiva inestimáveis.

Uma das iniciativas que pretende manter esse legado e que é pioneira em uma escola pública do Rio de Janeiro é o Laboratório de Conservação de Documentos Históricos, da FAETEC Ferreira Viana, localizada no bairro Maracanã. Implantado por meio de investimentos da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, em termos de instituições escolares, o espaço é o único com esta proposta no Rio de Janeiro.

O novo laboratório garantirá a preservação do acervo da escola por meio da aplicação das técnicas de conservação nos documentos em papel, possibilitando a classificação e divulgação do material. Com modernos equipamentos adquiridos para este tipo de trabalho, a equipe de profissionais da FAETEC Ferreira Viana utilizará procedimentos de conservação atendendo a critérios técnicos do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).

– Preservar sua história faz parte da evolução de uma sociedade. Este projeto da FAETEC, com apoio da Faperj, será uma grande contribuição para entendermos nossa cidade, estudarmos sua história e evolução e construirmos um futuro melhor para todos – acredita o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Gustavo Tutuca.

Desenvolvido e coordenado pelas professoras Karina Navarro, Mariana Ferreira de Melo e Thaysa Segal, a proposta do laboratório é expandir a produção do conhecimento histórico relacionado à FAETEC Ferreira Viana a partir de atividades voltadas para a conscientização e preservação do patrimônio histórico institucional, estimulando nos alunos a prática de atividades de pesquisa que potencializem seu desenvolvimento educacional e intelectual.

– Este projeto é muito importante, uma vez que preservar a história da unidade é, também, resgatar parte da história do estado do Rio de Janeiro, pois essa escola teve e ainda tem um papel fundamental na área de ensino em seus mais de 100 anos – declara o presidente da FAETEC, Wagner Victer.

Foto: Felipe Corrêa / FAETEC 

 A iniciativa é pioneira em uma escola pública do estado do Rio de Janeiro



Etapas do trabalho
O trabalho realizado pela equipe do laboratório deve ser bem cuidadoso. O diagnóstico é a primeira etapa do processo de conservação, em que é definida a ordem de tratamento do acervo. São observadas as condições de cada arquivo, avaliados os possíveis danos biológicos, físicos e químicos. O registro dos dados é feito em ficha técnica para consulta.

Em seguida é feita a higienização mecânica e química, eliminando os contaminantes do documento com equipamentos e produtos específicos. Um equipamento chamado filtro deionizador permite que a água utilizada em alguns procedimentos esteja livre de componentes orgânicos e inorgânicos, inclusive de metais pesados, podendo, então, ser utilizada desde o preparo da cola de carboximetilcelulose até a umidificação de documentos.

O acondicionamento é a etapa final. Os documentos devem ser armazenados de forma criteriosa, baseando-se nas condições físicas, de tamanho e peso de cada obra. De maneira geral, o acervo é guardado em embalagens produzidas com materiais do tipo polionda, papel alcalino e poliéster.

Há coleções que necessitam do acondicionamento em invólucros de poliéster, sendo indicado que sejam fechados com seladora apenas alguns lados, deixando uma abertura que permita o acesso ao documento.

Sobre a FAETEC Ferreira Viana
Um local que, em 1888, abrigou crianças vindas da escravidão e abandonadas que vagavam pelas ruas do Rio de Janeiro e que, posteriormente, forneceu ensino primário e práticas profissionais a elas. É assim que começou a história da escola que, hoje, é conhecida por FAETEC Ferreira Viana, localizada no bairro Maracanã, e que completou 127 anos em 2015.

A unidade, inicialmente com o nome Casa de São José, foi criada por meio de esforços do então conselheiro do Império, Antônio Ferreira Viana. Ele foi o responsável por organizar uma comissão de caridade que arrecadou fundos, por meio de doações em dinheiro, objetos - como roupas, acessórios de cama, alimentos, remédios, móveis, utensílios domésticos e material escolar - e de um imóvel para prestar socorro à infância desvalida. Criava-se, assim, um abrigo para educar meninos órfãos ou abandonados, de 6 a 12 anos, oferecendo ensino primário elementar e oficinas de trabalhos manuais.

Desde o início, os fundadores demonstraram a preocupação em aliar a assistência social à necessidade de se garantir a ordem na cidade que se expandia. A primeira sede foi no Rio Comprido que, em 1896, passou para o atual endereço, no Maracanã, sempre mantendo a vocação de formar cidadãos para o mundo do trabalho, inicialmente por meio de oficinas e, depois, com cursos ligados ao setor industrial.

Em 1916, passou a chamar-se Instituto Ferreira Viana e, em 1933, recebeu o nome de Escola Pré-Vocacional Ferreira Viana. Por meio do incentivo de inúmeras indústrias, em 1942 foi denominada Escola Artesanal Ferreira Viana. Em 1954, já funcionando em regime de semi-internato, virou Escola Industrial Ferreira Viana. Em 1966, recebeu a denominação de Colégio Ferreira Viana. Em 1988, tornou-se Escola Técnica Estadual Ferreira Viana, destinada a Ensino Técnico Industrial de Nível médio. Em 1996, foi incorporada à FAETEC.