Roberto Lent discute Neurociência e Estratégias de Aprendizagem para Professores

Docentes da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) tiveram o prazer de assistir, na manhã da última segunda-feira (07), a Conferência Ciência para Educação do neurocientista Roberto Lent. O evento marcou o início do ano letivo de 2019 ao discutir Neurociência e Estratégias de Aprendizagem para Professores. 

Com uma trajetória brilhante no campo científico e autor de 100 bilhões de neurônios, o conferencista investiga há quase 40 anos a formação e a reorganização das conexões entre as áreas do cérebro. Nas suas apresentações, ele propõe uma pesquisa translacional em educação, com a realização de uma ponte para a troca de informações entre professores e estudiosos do tema.

– Há quinze anos, nós (brasileiros) pouco saímos do lugar no que se refere à matemática, leitura e ciência. Será que é possível criar um ecossistema que reúna pesquisa básica, pesquisa aplicada e inovação, com a intervenção de todos interlocutores, para que possa transferir o conhecimento das bancadas dos centros tecnológicos para as mesas  das salas de aula, e assim criarmos políticas educacionais consistentes e organizadas em um sistema – indaga Lent.

– É preciso entender que os autores já existem, são centros de pesquisas, universidades, empresas de tecnologia e um sistema educacional organizado, apesar de todas as deficiências – completa.

 

 

Durante sua explanação, foram lembradas ações tomadas pelos governantes que tiveram resultados catastróficos ao não considerarem provas científicas de sua eficácia. Para o neurocientista, há um número grande de medidas que, de fato, não dependem da ciência, mas caso houvesse inserção, trariam boas frutos em um curto espaço de tempo.

– Quando a disciplina Educação Física foi retirada da grade curricular, por exemplo, não ponderaram os estudos que comprovam os benefícios das atividades para aprendizagem e memória. É importante esclarecer que a taxa de risco de uma intervenção política sem base cientifica é muito alta. Será que não podemos inserir a literatura técnica antes das tomadas de decisões? – questiona.   

Recentemente, Roberto Lent se propôs a estimular outro tipo de interação: a relação de pesquisadores com empreendedores e educadores, a fim de produzir conhecimentos e estratégias de aprendizagem que cheguem rapidamente a professores e alunos nas salas de aula.  

– É preciso ter vontade política e recurso para acelerar o crescimento educacional. O desafio e a nossa esperança é que nós pudéssemos incorporar a ciência nas políticas públicas com base em evidências. Mas como viabilizar isso? Por esse motivo, apresento os diversos estudos em andamento para convencer órgãos públicos da importância de se discutir o tema – garante.

Das pesquisas em curso pelo mundo e que podem melhorar a educação, estão os métodos mais rápidos de aprendizagem para analfabetos funcionais, a importância da soneca após o almoço para a memória das crianças e a escolha do turno (vespertino, matutino e noturno) ideal para o estudo de cada aluno. Roberto Lent ainda adiantou que há um dialogo com a Faperj para que futuramente sejam lançados editais contemplando pesquisa translacional em ciência para educação.