Aula inaugural da Pós-Graduação de Gestão Educacional Integrada discutiu o tema Das Altas Habilidades aos Transtornos de Aprendizagem: Mediação para Inclusão

O primeiro dia de aula da Pós-Graduação Lato Senso de Gestão Educacional Integrada, no Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (Iserj), contou com o show de conhecimento da profª drª Maria Claudia Dutra Lopes Barbosa, da Faetec Ferreira Viana. Especialista em Psicopedagogia (Instituto Isabel) e em Altas Habilidades (UERJ), com graduação em Letras (UFRJ) e Psicologia (UNESA), a palestrante levou toda sua expertise sobre o processo de aprendizagem aos estudantes do curso.

“Quem tem algum transtorno de aprendizagem, como dislexia e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), também pode ter altas habilidades” é o que afirma Maria Claudia. Ela cita como exemplo Charlie Chaplin. “Ele tinha dislexia e foi um grande nome das artes, do cinema e da música. A superdotação está ligada à parte criativa do ser humano. Não tem como medir o talento em números, como o Quociente de Inteligência (QI)” – completa.

A inclusão das pessoas com deficiência física e as síndromes são muito discutidas dentro da escola. No entanto, uma faceta pouco debatida é a inserção de pessoas que têm transtornos de aprendizagem, como dificuldades para leitura, escrita e compreensão textual, bem como de estudantes com altas habilidades, conhecidos popularmente como superdotados.

A mestre em Educação conta que sua investigação começou ao observar crianças de uma determinada faixa etária com respostas acima da média e que se destacavam em relação à leitura, interpretação, cálculos. São pessoas com facilidade para as áreas criativas e científicas, mas que não conseguem aperfeiçoar seus talentos por falta profissionais preparados. Para ela, o professor tem um papel fundamental no reconhecimento desses talentos.

– Entre as altas habilidades e os transtornos da aprendizagem, existe o ser humano que precisa ser incluído e compreendido nos seus talentos e limitações a fim de que a escola não o perca para o mundo do crime. É necessário que o professor seja capacitado para identificar as necessidades de cada aluno, fomentando as aptidões e ajudando ultrapassar as dificuldades – ressalta Maria Claudia Barbosa.

 

Professora Maria Claudia Barbosa durante a palestra

Foto: Felipe Correa

Ao abrir a sessão de perguntas para a plateia, diversas mães de alunos diagnosticados com dislexia, TDH e QI abaixo da média, que acompanhavam a aula como ouvintes, buscaram orientação sobre como ajudar seus filhos na falta de foco. Uma aluna também questionou se existe a possibilidade de descobrir superdotação em uma pessoa depois dos 60 anos.

– Sim. Qualquer pessoa, independente da idade, pode descobrir que tem altas habilidades, seja para música, esporte, ciências exatas, artes. É importante esclarecer que os professores não podem diagnosticar um aluno com transtornos de aprendizagem ou altas habilidades, mas podem observar essas condições nos seus estudantes e informar à família para que possam procurar um médico especializado – alerta a doutora em Ciências Médicas.

 

O curso era um desejo antigo da Rede

A aula inaugural da pós-graduação aconteceu na última terça-feira (12) e reuniu diversos profissionais interessados em se tornar especialistas no âmbito da Administração, Inspeção, Supervisão e Orientação Educacional. O curso prepara os licenciados, principalmente, em Pedagogia, a atuar em unidades de Educação Básica e Ensino Superior em todo o Brasil.

– O curso era um sonho educacional de Anísio Teixeira para a formação de especialistas em educação. Eles serão capacitados a dialogar da creche até o ensino superior. Embora pareça que essa aula inaugural fosse específica da pós, ela foi importante para todos nós da área pedagógica. É importante entender que cada um tem seu tempo, suas dificuldades e suas peculiaridades. É preciso ouvir, acolher o outro e poder atender a todos – diz Sandra Santos, diretora-geral do Iserj.

 

Alunos do curso da pós e das demais áreas participaram da palestra  

 

Na qualidade de mediador e coordenador do evento, o professor Artur de Morais Silva agradeceu a presença de todos e sublinhou a necessidade de promover mais momentos como esse, no Instituto de Educação, envolvendo alunos da graduação e da pós-graduação, como também a comunidade escolar do Estado do Rio de Janeiro.

– Estou muito feliz em ver esse auditório cheio, com pessoas que buscam expandir seus conhecimentos. Essa pós é muito especial porque traz um olhar diferenciado. Ela apresenta uma orientação educacional mais eficaz, por meio da possibilidade de observar melhor nossos alunos, e a fim de entendê-los para que não os percamos, diminuindo a evasão e aumentando a inclusão – destaca Arthur.

Já o professor Felipe Cordeiro, coordenador geral do Ensino Superior do Iserj, falou sobre a importância de reunir uma plateia atenta e devotada às questões educacionais, com vistas à formação de professores e especialistas comprometidos com a educação pública e de qualidade, sobretudo, no espaço do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro.