Educadores da Faetec participam de encontro multicultural para trocar experiências sobre bullying

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Palestra comandada por Lucien de Montmollin trouxe novo olhar para a condução das situações de assédio e bullying nas escolas. Mestre em pedagogia especializada, o profissional francês está de férias no país e apresentou o Método da Preocupação Compartilhada

Muito tem sido falado sobre bullying e a relevância da escola promover ações para sua prevenção e intervenção. A busca por entender melhor e saber conduzir situações que envolvam o comportamento dos alunos nestes casos, levou docentes da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) a reunirem-se na Escola Técnica Estadual de Saúde Herbert José de Souza para a apresentação do Método de Preocupação Partilhada, técnica inspirada no método de abordagem criado pelo psicólogo sueco Anatol Pikas para investigar as causas do bullying e chegar a uma solução duradoura por meio de reuniões individuais e coletivas com os indivíduos envolvidos.

Ministrada por Lucien de Montmollin, mestre em pedagogia especializada, a palestra trouxe um novo olhar aos docentes, de como diferenciar situações de bullying e assédio, além de debater as melhores abordagens para solucionar tais questões.

“Já passamos por várias situações dentro das escolas tendo que mediar conflitos, principalmente por bullying, usando vários métodos, diferentes estratégias, algumas com sucesso, outras não. Nas vezes em que tivemos mais sucesso, existia por trás uma família que, quando esse filho começa a extrapolar a barreira do social, nos apoiou. Assim como como foi dito na apresentação, é necessário avaliar o comportamento deste ‘alvo’, se ele se percebe como alguém que está sendo agredido ou ridicularizado. Enquanto profissionais, também temos que avaliar se este jovem não se ‘incomoda’ por conta da necessidade de pertencimento, de ser aceito pelo grupo, um comportamento que é muito característico de jovens, esse olhar também cabe a nós”, diz Ingrid Prado, inspetora escolar lotada na Diretoria de Ensino Superior da Faetec.

Lucien tem um extenso currículo na pesquisa e propagação do método Francês radicado na Suécia, ele aproveitou o período de férias no Rio de Janeiro para estar com os profissionais da Faetec, que compartilharam suas experiências diante de situações de conflito com o profissional.

Assessora de Inclusão da Desup, Verônica Chagas, exaltou a iniciativa do encontro, ressaltando a importância da troca de informações e experiências com os colegas e o profissional que atua em um país cuja cultura e educação diferem da brasileira.

“A gente trabalha justamente com essa questão de respeito, de respeito à diversidade o tempo todo. Somos pessoas com opiniões, com biotipos, tudo diferente. E essa questão do bullying passa justamente por isso, para um olhar mais apurado em torno das diferenças. Não podemos trancar as pessoas que não estão no ‘padrão’, pelo contrário, e o dia de hoje serviu para que a gente tenha essa visão do acolhimento, da humanização para ambos os lados, tanto o que de quem está sofrendo, quanto para o de quem o está produzindo. Eles trouxeram sua experiência da Europa, a gente trouxe a experiência de um Rio de Janeiro e pudemos ver igualdade em muitas situações, especialmente no sentido das angústias enquanto profissionais da educação. Isto faz com que a gente cresça junto”, diz ela.

Mestre em pedagogia especializada, Lucien de Montmollin trabalha no campo da proteção infantil desde 2013. Por causa da diversidade de sua carreira profissional, ele apresenta um olhar transversal sobre esse campo. A apresentação do método do psicólogo foi direcionada para os representantes das diretorias pedagógicas e das escolas do Campus de Quintino da Faetec, com intenção de que esses profissionais possam atuar como multiplicadores da metodologia, conforme explica Márcia Farinazo, organizadora do encontro e diretora de Desenvolvimento da Educação.

“Ter a oportunidade de realizar este evento foi muito bom por conta da possibilidade de troca riquíssima que tivemos, e quando isso acontece com alguém de fora do país, que leciona em uma realidade diferente, isso é importante. Discutir também uma metodologia que traz uma óptica diferente da que a gente tem aqui e levantar uma visão de grupo e não individual no que se refere ao combate de quaisquer questões além do bullying, construindo uma coletividade neste trabalho, são possibilidades reais de transformação. Não é fácil de se fazer, mas é uma perspectiva humanizada , que leva em consideração todas as possibilidades, inclusive no que tange à visão do intimidador, que também pode estar passando por questões”, diz a educadora.

Para Lucien, a iniciativa da Faetec foi inovadora e muito gratificante.

“Eu gostei muito da receptividade e da interação que provocamos. Se por conta desta metodologia pudermos ajudar uma criança, um profissional, eu já ganhei tudo. Foi um momento legal que compartilhei com os profissionais aqui, fui muito bem recebido e adorei a experiência”, disse o psicólogo.

O toque a mais do evento ficou por conta da equipe de eventos da Faetec Nilópolis - Unidade Paiol de Pólvora. Entre os alunos da unidade que prepararam o coffee break, Wallace Araújo, de 28 anos, aproveitou para colocar em prática, os conhecimentos que vem adquirindo no curso de francês que está realizando na instituição.

“Eu já fiz vários cursos na Faetec e os idiomas só somam com a carreira que eu quero seguir dentro dos eventos. Hoje eu consegui me comunicar em francês e isso me deixou ainda mais motivado”, comentou.