ETE República debate questões raciais em roda de conversa
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- Publicado em Sexta, 16 Agosto 2024 12:27
Debater o racismo através da arte literária e das relações cotidianas foram os principais objetivos da roda de conversa realizada, na última segunda-feira (12.8), na Escola Técnica Estadual República, unidade da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), em Quintino Bocaiúva, Zona Norte do Rio.
Com o título “Entre macacos e panteras: Reflexões sobre o racismo”, o evento contou com a presença da advogada e professora de História, Diana Cascelli; do ator Fernando Rocha; e da professora da unidade, Claudia Marques.
Com auditório repleto de estudantes de diversos cursos oferecidos na unidade, o evento contou inicialmente com uma performance de uma cena da peça “Macacos”, escrita por Clayton Nascimento, que na ocasião foi interpretado pelo ex-aluno da ETE de Teatro Martins Pena, Fernando Rocha.
"Essa peça fala muito sobre essas questões do racismo no Brasil e da estrutura histórica brasileira que é muito baseada nesse racismo. É um assunto complexo, são várias camadas, mas é extremamente importante e necessário estar aqui", destacou o ator, diretor e produtor, Fernando Rocha.
Após a apresentação teatral, foi a vez da palestra sobre Direito Penal e suas consequências perante o crime de racismo, ministrada pela advogada Diana Cascelli. Ela aplicou os principais conceitos de sociologia, antropologia e história para o debate com os alunos. Perguntada sobre como combater o racismo dentro da sala de aula, no cotidiano escolar, a advogada e ex-professora de História da unidade, ressaltou que todos nós fomos criados em uma sociedade racista e precisamos buscar conhecimento para combater o racismo diariamente.
“É preciso gerar muita informação e consciência de que a gente vive, sim, em uma sociedade racista e que enquanto a gente não se colocar nesse lugar e entender que fomos criados dentro dessa estrutura - ciclo que não se rompe, se repete - e a gente só vai repetir todo esse discurso que a gente já escutou. Mas, agora a gente sabe que é crime, é dolo, tem intenção. Agora a vítima também tem que saber para ela nunca mais ser vítima”, afirmou Diane Cascelli.
Para a professora de Literatura da unidade, Claudia Marques, a ideia dessa roda de conversa era falar sobre o tema para adolescentes negros que podem não conhecer todas as formas de racismo.
“Especificamente no dia 13 de maio (Dia da Abolição da Escravatura) eu estava dando aula e de repente comecei a ouvir “macaco”, um chamando o outro de “macaco”. Virei para frente e falei que aquilo era racismo, racismo recreativo, que não era uma coisa interessante de ser feita. E aí, apesar disso, quando eu volto a ficar de costas, um dos meninos começa a fazer os sons do macaco. Voltei e era exatamente um menino negro. Com isso, resolvemos fazer essa roda de conversa, justamente para alertá-los, fazê-los refletir, pensar junto com eles e espero que tenha atingido o objetivo”, revelou a professora Claudia Marques.
Uma das alunas que mais participou do debate com perguntas, foi a Luana Pereira da Silva, do 2º ano do curso Técnico em Informática. Ela aprovou o encontro para expandir seu conhecimento e combater o racismo.
“A importância é ampliar o conhecimento porque a gente acha que tem um pensamento sobre uma coisa, mas às vezes não é, ou às vezes está incompleto, e a gente não tem vontade de pesquisar ou tentar mudar. Ouvir alguém sobre esse tema faz com que a gente abra nossa mente”, afirmou a aluna Luana Pereira da Silva.