Alunos da Escola de Teatro da Faetec de Quintino apresentam Anjo Negro

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Peça da literatura dramática de Nelson Rodrigues, escrita em 1946, inspirou os jovens atores da unidade em sua apresentação de conclusão do curso

Dramaturgia em cena. Na manhã desta terça-feira (15/07), os alunos do curso de Prática de Montagem Teatral da Escola de Teatro de Quintino apresentaram a peça Anjo Negro, do escritor pernambucano Nelson Rodrigues. O espetáculo aconteceu no Teatro Abdias Nascimento, sob a direção do professor Jorge Leite.

Os atores apresentaram a obra como conclusão do curso. A peça aborda o racismo e suas complexidades de forma polêmica para a época, retratando a história de Ismael, um médico negro casado com Virgínia, uma mulher branca, e os conflitos raciais e familiares que surgem nesse relacionamento. O racismo está presente no próprio Ismael, que renega sua negritude e se casa buscando ascensão social e aceitação. A discriminação também se manifesta na relação de Ismael com Elias, seu irmão adotivo branco, e na segregação imposta à filha branca, Ana Maria.

Com o objetivo de trazer um tom cômico ao espetáculo, o diretor apostou no personagem Coveiro, interpretado pelo aluno Lucas Vieira, que trouxe um texto bem-humorado durante suas cenas. “O meu personagem traz esse ar de brincadeira, com um coveiro gay que adora dar ordens, mas ele mesmo não gostava de fazer nada. Foi uma experiência incrível participar da Escola de Teatro; foram ensaios intensos e o pessoal se dedicou bastante. Agora que tenho essa experiência, espero crescer na área”, concluiu o ator.

O professor Jorge Leite ressaltou a importância de debater o tema racial, pois, mesmo o texto tendo sido escrito há mais de sete décadas, infelizmente, ele ainda se mantém muito atual. “Uma curiosidade é que o texto foi escrito para o personagem principal, na época, Abdias Nascimento. Mas a censura era tão forte e ditatorial que não permitiram que ele atuasse no papel por ser negro, autorizando apenas um espetáculo com um ator branco pintado de preto. A gente ainda carrega essa mazela do preconceito e do racismo na sociedade. Por isso a importância desse texto nos tempos atuais”, destacou o diretor.

“Foi emocionante acompanhar a apresentação dos nossos alunos. A peça mostrou não só o talento artístico, mas também a importância da formação cultural que a Faetec oferece”, destacou o vice-presidente educacional da Faetec, Alexandre Gurgel, ao assistir à apresentação.