Professor da Faetec Renato Cunha é agraciado com prêmio na 17ª Mostra Internacional de Pôsteres da Universidad Columbia del Paraguay

 

O doutorando e educador da Faetec, Renato Ribeiro Cunha, conquistou o 1º lugar geral da área de Educação na 17ª Mostra Internacional de Pôsteres da Universidad Columbia del Paraguay. A premiação foi concedida ao professor do curso Técnico em Administração, da Escola Técnica Estadual João Luiz do Nascimento (ETEJLN), pelo artigo/pôster “A importância da educação profissional de nível técnico para a socialização do conhecimento em propriedade intelectual”.

 

Confira o nosso bate-papo com o professor Renato Ribeiro Cunha sobre a pesquisa:

 

Explique um pouco sobre o artigo vencedor na 17ª Mostra Internacional de Pôsteres da Universidad Columbia del Paraguay?

Renato Cunha - Acredito que o ineditismo do tema, aliado à pretensão da proposta de pesquisa, fez a diferença na escolha e destaque do artigo, visto que concorri com mais de 60 pôsteres. Essa lacuna da Propriedade Intelectual (PI) em relação ao ensino técnico sempre me inquietou. Isso me fez refletir e me interessar pela elaboração de um projeto de tese que venha a abrir oportunidade a uma maior socialização da PI, de uma maneira mais justa. Por que motivo concentrar o conhecimento de PI somente na graduação (cursos de Direito principalmente), nas especializações e mestrados/doutorados do referido tema? O Brasil urge por desenvolver uma mudança de mentalidade e quebrar esse paradigma de que a Propriedade Intelectual é tema de status e somente para a elite. No Japão, por exemplo, as crianças são alfabetizadas e lidam com a PI desde a pré-escola e, com isso, os resultados dessa iniciativa certamente se materializaram em destaque quanto ao progresso e desenvolvimento do povo japonês.

Por que o tema agrega tanto ao curso Técnico de Administração?

Renato Cunha - Hoje, nós só encontramos abertura para a inserção dessa temática (PI), dentro do curso Técnico em Administração, na disciplina de Empreendedorismo e Inovação. Sendo que muitas das vezes, por questões relacionadas à carga horária e ao conteúdo da ementa, não é possível o aprofundamento do tema. O processo de estudo da PI precisa ter uma continuidade.

Na mídia, foi muito discutida a questão de quebra de patentes, inovação, propriedade intelectual. Mas como que a grande massa da população conseguirá entender o que está sendo veiculado, se desconhece totalmente a importância e propósito precípuo da Propriedade Intelectual? Temos que colocar o tema para "correr nas veias", como português e matemática. Proporcionar a todos esse conhecimento, e não somente aos advogados, mestres e doutores em PI. É uma mudança de paradigma que certamente trará benefícios a médio e longo prazo.

Quais os desafios do tema propriedade intelectual no mercado?

Renato Cunha - A propriedade Intelectual precisa sofrer aprimoramento e consolidação das políticas públicas com a continuidade e consolidação de projetos da área. Os Governos precisam fomentar maiores iniciativas estruturais e financeiras de longo prazo ao lidar com o tema e encará-las como Política de Estado. O mercado de trabalho absorverá esse novo profissional, em especial, as empresas de portes micro e pequeno (PME’s) que geralmente carecem de assessoria nessa área.

E como a sua pesquisa pode contribuir nas aulas na Rede Faetec?

Renato Cunha - Os alunos da ETEJLN já tiveram, antes da pandemia, a oportunidade de assistir a palestras sobre o tema com profissionais do INPI. A minha pesquisa hoje pode contribuir por meio de parceria e integração entre os alunos do curso de Administração. Mas acredito que essas iniciativas isoladas e com pouca carga horária não se comparam à iniciativa prevista no projeto de tese, que é a consolidação de um conhecimento especializado em PI, em razão da possibilidade de implantação de um curso Técnico em Propriedade Intelectual. Esse é um projeto que defendo em função de um nicho de mercado amplamente reprimido nessa área.

A habilidade do invento não está atrelada à formação acadêmica das pessoas. Veja que o escorredor de arroz foi concebido por uma brasileira cirurgiã-dentista, Sra. Therezinha Beatriz Alves de Andrade Zorowich; e o relógio de pulso e o chuveiro de água quente, pelo aeronauta Alberto Santos Dumont, tão conhecido no ramo da aviação. Muitas invenções se perdem ou são copiadas e registradas por terceiros pelo simples desconhecimento dos mecanismos protetivos da Propriedade Intelectual. Por meio de uma parceria entre FAETEC e INPI, toda a sociedade brasileira poderá ser beneficiada com a oferta do tema Propriedade Intelectual de forma direta aos nossos alunos. Em um futuro próximo, o país e as instituições sinalizarão os ganhos com profissionais formados e certificados nessa área.

Você acredita que um curso dedicado à área pode fazer a diferença na formação dos nossos jovens?

Renato Cunha - Certamente o tema tem muito a agregar. A oferta de um curso de Propriedade Intelectual poderá contribuir com os inventos e pretensões de todos os cursos, atuando como parceiros e consolidando ainda mais o trabalho em equipe, principalmente no meio acadêmico. Servirá de laboratório prático daquilo que estarão vivenciando no mercado de trabalho, quando se tornarem profissionais. Um aluno que esteja cursando Administração ou Gestão de Negócios, por exemplo, que venha a ter o objetivo de se tornar empreendedor, possuirá dúvidas relacionadas à questão da marca a ser instituída no seu negócio, possibilidade de patente, franquia, etc. Com isso, o profissional formado por um curso Técnico em Propriedade Intelectual poderá dar o suporte especializado necessário a todas essas questões. Necessidades essas que também podem ser aproveitadas nos demais cursos da Rede.