Faetec promove evento em homenagem a Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha
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- Publicado em Terça, 30 Julho 2024 15:03
“Potência da Cor” reuniu docentes da instituição no auditório da presidência. Evento contou com apresentação teatral e coffee break organizado pelos alunos da unidade Nilópolis
Instituído pela ONU em 1992, o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha (25/07) não só homenageia, como tem o propósito de dar visibilidade à luta contra o racismo e o machismo sofrido pelas mulheres de todo o planeta. Na busca por políticas públicas para erradicação do racismo e a discriminação sofridos por este público, a data, que no Brasil também celebra o dia de Teresa de Benguela, símbolo de resistência negra, serviu como tema para o evento “Potência da Cor”, realizado no auditório da presidência da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), em Quintino.
O encontro liderado pela professora Doutora Lílian do Carmo, supervisora da Diretoria de Desenvolvimento da Educação Básica e Técnica da Faetec, reuniu no espaço as professoras Cláudia Marques e Vera Lopes, da Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Pena; Janete Ribeiro, do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (Iserj); e a escritora Selma Maria, para uma roda de conversas cuja proposta foi discutir os desafios da mulher negra na educação.
Citando Azoilda Loretto da Trindade, intelectual e educadora negra que dedicou-se a teorias e práticas no campo da educação antirracista, Janete Ribeiro pontuou a importância de combater a invisibilização no ambiente escolar.
“Azoilda me ensinou muito cedo, em um texto publicado em 1989, muito antes da Lei 10.639, que falava sobre o cotidiano escolar, algo que passei muitos anos tentando entender: ‘a invisibilidade é a morte em vida’. Trabalhei por muitos anos com jovens e agora estou aceitando o desafio de trabalhar com alunos que chegam na sala de aula e se auto denominam ‘macacos’, ou dizendo que ‘têm cabelo de bombril’. Como educá-los? Sem o apoio de todos nós, sem o compromisso pela igualdade , pelo respeito à diversidade e às diferenças, não vai adiantar um 25 de julho com a potência que temos aqui. Precisamos ressignificar o nosso saber cotidiano para que a gente não se sinta invisível”, disse a professora de História e mestre em Educação, que trabalha com as questões raciais há mais de trinta anos e leciona na Rede desde 2001.
Selma Maria destacou a importância de exaltar a memória na construção da educação.
“A Faetec está localizada em um espaço que antes abrigou a Funabem e é importante falarmos deste território, porque ele é fundamental não só na educação profissional, mas política também. Quando falamos de educação antirracista, de políticas públicas que garantam a equidade e onde a cor da nossa pele não nos torne superiores ou inferiores a ninguém, devemos fazer referência a estes ancestrais que ocuparam este espaço. Se nós temos hoje espaços que garantam a nossa inserção enquanto sujeitos que sempre foram colocados à margem no processo, foi porque muitos antes de nós, lutaram para construir políticas públicas. É preciso manter essas memórias institucionalizadas, aqui foi criado o NEERA, o primeiro NEAB (Núcleo de Estudo Afro Brasileiro) que trabalhou as questões étnico-raciais dentro da educação básica”, que é Doutora em Políticas Públicas.
Atualmente lecionando na ETET Martins Pena, Vera Lopes ressaltou a movimentação em torno da equidade, citando o fim do decênio da afrocentricidade estabelecido pela ONU em 2015.
“Avançamos alguma coisa, mas é pouco diante da necessidade da reparação para que esses jovens, novos indivíduos, possam alcançar dentro desta luta. Na Martins Pena, nós trabalhamos no sentido de fazer a escola ser um celeiro para protagonizar esses futuros profissionais dentro da sociedade. É necessário dar visibilidade, com sabedoria para esses alunos, uma caminhada que é longa. Há uma construção artística sendo feita, que envolve corporeidade, ancestralidade, olhando para o passado para encontrar o futuro, saindo da individualidade para o valor civilizatório que é o da reunião, da construção. A Rede Faetec, na verdade, é um bastião, para que isto se mantenha e possamos construir novas mentalidades”, disse a professora.
Mobilizadora do encontro, Lilian do Carmo avaliou o evento, que contou com a apresentação da Cia Muntu de Teatro e Dança, apresentando trechos do espetáculo “Terrosas”, cujo elenco é formado por alunos da Faetec.
“Foi um evento histórico, maravilhoso e muito simbólico, que dá continuidade a essa luta que temos por uma educação antirracista. A Faetec é pioneira nisso, trabalhamos diariamente para que todos esses esforços tenham um resultado efetivo para o futuro, em uma movimentação que começou lá atrás com os docentes responsáveis pelo NEERA, que continuou com o NEAB, pela mãos da professora Helena Theodoro. Muitas coisas ainda virão”, comentou a Supervisora da DDE.
Faetec Nilópolis assinou o coffee break
Responsável por toda a ambientação do evento e pelo coffee break servido ao público, os agora ex-alunos da Faetec Nilópolis - Unidade Paiol de Pólvora prepararam uma decoração temática especial para a ocasião. Coordenados por Patrícia Monteiro, gestora da unidade, os profissionais, que concluíram os cursos de decoração de festas e eventos, garçom, confeiteiro e salgadeiro, além do técnico em gastronomia, deram uma mostra de que estão totalmente preparados para inserção no mercado de trabalho.
“Me sinto muito feliz, é muita representatividade poder estar aqui preparando o evento. Acabei de me formar como técnica em gastronomia, e nos traz uma sensação muito boa ver as pessoas elogiando a decoração e o buffet. Poder mostrar o que aprendemos é gratificante porque nós nos envolvemos muito desde a pré-produção até o final. Cada evento é um desafio para que tudo saia a gosto do cliente e, essas participações que fazemos durante o curso nos trazem, além da experiência na rotina de trabalho, uma segurança muito grande. Sem isso, não teríamos essa produtividade, esse dinamismo”, diz Karina Mattos que agora pretende especializar-se no segmento da gastronomia e ser instrutora da Faetec.