No segundo dia da Semana Pedagógica, mesa redonda debate os desafios e caminhos das relações de etnia, raça e educação

 

Um encontro de formação, integração e troca de experiências. No segundo dia da 1ª Semana Pedagógica da Faetec, esses temas foram primordiais para uma mesa redonda que discutiu as “Relações Étnico-Raciais e Educação: Desafios e Caminhos”, na manhã da última terça-feira (06), no Teatro Abdias Nascimento. Os convidados foram a indígena e professora de História, Carolina Potiguara e o professor de Informática da Escola Técnica Estadual Oscar Tenório, Alexandre do Nascimento.

Com mais de 26 anos dando aula na Faetec, Alexandre é Doutor em Serviço Social e possui pós-doutorado em Educação. Para ele, o desafio para plena implementação de políticas de etnia e raça nas escolas depende de cada um assumir seu papel, já que legislação e documentos legais existem.

 

“Depende da direção, dos responsáveis por cada escola assumir isso e fazer um diálogo com as pessoas internamente e ver as políticas que precisam ser estabelecidas. Fundamental que é preciso dar mais espaços, concursos, para professores indígenas. Outro aspecto é dos educadores. Nesse conjunto de medidas, é preciso fazer formação e muitos eventos como esse. Mostrar pertinência. E para os educadores, individualmente, entender a importância disso. Não considerar que isso é algo contrário do que se pensa, sobretudo em aspectos religiosos. O grande projeto que a educação tem que participar é da construção de uma sociedade democrática. E não se constrói uma sociedade democrática sem considerar sua diversidade étnica e racial”.

 

 

Com mestrado em Línguas Indígenas e Educação, além de coordenar um programa de igualdade racial e povos indígenas na secretaria de cultura de Maricá, Lilian também é conselheira de tradições indígenas da secretaria de inclusão e diversidade religiosa da prefeitura do Rio. Ela achou muito importante que a Faetec e outras unidades fortaleçam esse aspecto de identidade dos alunos, a partir da cultura africana, indígena, desses referenciais identitários.

 

“Estamos num momento atual, planetários, que essas crianças, esses jovens, têm uma preocupação sobre a sustentabilidade, o fortalecimento de suas próprias comunidades. A gente está vivendo um desafio econômico, um avanço tecnológico desafiador para alguns contextos de alunos, que têm origens nordestinas, indígenas, afrodescendentes. A escola cumpre, então, um papel fundamental de fortalecimento dessas crianças e jovens, nas suas identidades, para que eles de fato possam conseguir sustentar suas comunidades, famílias e sobretudo o planeta Terra”.

 

A mediação da mesa redonda foi de Lilian do Carmo, Pedagoga, Supervisora Educacional da Diretoria de Desenvolvimento da Educação Básica e Técnica (DDE) da Faetec, Mestre e Doutora em Educação, além de Membro do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas, Movimentos Sociais e Culturas - GPMC. Ela pesquisa e escreve sobre educação e relações Étnico-Raciais, mulheres negras, racismo institucional e Decolonialidade.

 

“Além de um evento histórico, ter uma mesa com esse tema também é histórico, considerando que a Faetec é uma das pioneiras na luta antirracista, que possui dentro do seu corpo docente professores e professoras comprometidos com as políticas antirracistas, não só dentro da instituição. São vozes, mãos e corpos que atuam em políticas públicas nacionais, que obviamente refletem dentro da Faetec. Então, considerando que é um evento que reúne todas as diretorias, ou seja, todos os níveis de ensino que a Faetec atua, essa mesa se constitui num importante passo para a retomada da discussão antirracista na rede”.

 

A tarde sempre é reservada para as oficinas e nesse segundo dia da Semana Pedagógica teve para todos os gostos. Alexandre do Nascimento participou da mesa de debates pela manhã e retornou com uma oficina de “Educação Antirracista” no auditório da Faetec Quintino (antigo CVT). Na mesma hora, o professor de cursos de graduação da Faeterj Rio, Alexandre Louzada, junto com Luciene Vales, falou sobre o “Processo de Aprendizagem e Avaliação”, apresentando trabalhos com parcerias externas desenvolvidos pela Faetec, como com a Oracle e a Cisco Networking Academy.

 

Outras três oficinas aconteceram, mas dessa vez na Escola Técnica Estadual República. “Identificação de maus tratos, negligência e violência sexual contra crianças e adolescentes”, com Simone Escafura; “Educação para Saúde”, com o professor do Iserj, Henrique Carvalho; e a mais procurada nesse segundo dia: “Competências Socioemocionais”, com a Doutoranda em Ciências, Tecnologias e Inclusão, psicóloga clínica e sexóloga, Sonia Mendes, que colocou todos presentes para alongar, fazer exercício de respiração, com as pernas e até cantar. Durante a oficina, se praticou o teatro espontâneo, para que cada um pudesse viver algum drama que estivesse passando, na vida pessoal ou profissional.

 

 

“Cada um vive um drama, na sua sala de aula, na escola ou a respeito da sua vida, com um aluno. Os sentimentos exploram, explodem. Então, convidei cada um para fazer um papel e apresentar seu drama, pois o seu drama de hoje pode ser de um amigo, colega ou conhecido amanhã. E é importante saber lidar com eles”.