Faetec Cidade de Deus celebra sucesso de ações de conscientização contra o racismo
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- Publicado em Sexta, 27 Dezembro 2024 17:03
Sob a coordenação da professora Magna Silva, alunos da unidade realizaram atividades de empoderamento e diálogos que exaltam o legado ancestral ao longo de todo o ano
A maioridade da Lei 10.639 revelou a necessidade de um olhar mais apurado para as práticas educacionais dentro das instituições de ensino. Na Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), ações permanentes vem fazendo a diferença para os alunos em todas as modalidades ofertadas, desde o Ensino Fundamental aos cursos de Qualificação Profissional, onde as atividades vão além das celebrações do Dia Nacional da Consciência Negra.
Na unidade Cidade de Deus, o trabalho realizado por Magna Silva, movimenta alunos dos cursos profissionalizantes oferecidos na escola, criando uma consciência cada vez maior no que se refere à prática antirracista.
“Estamos atuando nesses projetos desde 2022 e todas as vezes que eu percebo que posso contribuir para uma conscientização, entro em cena com os alunos, seja do curso de inglês, ou de outros cursos. Já vínhamos sinalizando a necessidade de fazer algo mais concreto e contínuo dentro da escola e, este ano, demos um passo importantíssimo”, diz Magna.
Em 2024, as atividades começaram ainda no início do ano com ampla participação dos alunos da professora de inglês nos temas de palestras que gostariam de ter. Entre as temáticas, contribuições essenciais para, além das sessões de vídeos em inglês como o material sobre o International Women's Day (Dia Internacional da Mulher) produzido por um coletivo britânico, com legendas em português e seguida de debate para falar sobre a Mulher Negra: sobre Tereza de Benguela, além da exibição do curta premiado chamado "Vida Maria".
No segundo semestre, as atividades foram intensificadas visando o mês da Consciência Negra com o envolvimento dos alunos dos cursos de Qualificação profissional. Aulas de maquiagem recheadas de informação e história, além das oficinas de tranças, permearam discussões importantes sobre o papel da mulher negra na sociedade.
“Construir uma ‘consciência negra’ é pensar numa conscientização coletiva para motivar os nossos - refiro-me à nossa população afrodiaspórica - a refletirem e se apropriarem de nossos saberes e práticas ancestrais, assim como se enxergarem em lugares de protagonismo; não de meros recebedores passivos de assistencialismo. Um projeto pela Consciência Negra é um projeto em prol de mais pessoas negras exercendo funções de agência, mesmo enquanto aprendizes”, diz a educadora.
Entre as potencialidades impulsionadas pelo projeto, o talento de Íris Bernardino, exibido na exposição “Melanina sobre Tela”, e histórias como as de Valéria Santos, que com seu relato sobre empreendedorismo inspirou alunas a não desistirem do sonho de montar o próprio negócio. Contribuições necessárias para repensar as práticas pedagógicas para abordar a história da cultura afro-brasileira de forma a evitar estereótipos, valorizando as heranças que temos oriundas de África.
O projeto envolveu cursos de gastronomia, com a pesquisa sobre a história da Feijoada, um dos pratos mais icônicos da culinária brasileira, além do intercâmbio de saberes e sabores realizado em outubro com chef Kimberly, congolês aluno da curso de culinária inclusiva. Rodas de conversa sobre literatura preta, tendo Alessandra Cássia, Lyvia Teixeira e Selma Maria Silva, professora aposentada da instituição, movimentaram o universo feminino e dialogam com a proposta da importância da “escrevescência”, defendida por Humberto Baltar cuja participação foi remota.
Para o encerramento do projeto, mostra de capoeira e videoconferências organizadas por Magna tendo como base as Narrativas Negras sobre o Racismo, valorizando a troca de saberes com profissionais de todo o país, tais como Rômulo Silva, Claudio Jacinto, Grupo Palmares e Gilnei Naimayer Faria.