Alunos Faetec encerram o ano com participação na Feira de Novos Talentos

 

Evento organizado pela Faperj acontece há 24 anos com apresentação de projetos financiados pela instituição. Este ano, cerca de 250 bolsistas, 80 deles alunos das unidades Faetec, apresentaram seus trabalhos na ETE Ferreira Vianna, que sediou a etapa IV, abrangendo escolas das Regiões Metropolitana e Serrana do Estado

 

A vasta produção científica dos alunos das diferentes unidades Faetec ganhou mais um espaço de visibilidade na XXI Feira de Novos Talentos, evento que acontece desde 1999 com organização da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). A jornada envolve todas as escolas da região Metropolitana, além da região Serrana do Estado, e teve, em sua IV etapa, cerca de 250 alunos bolsistas apresentando seus projetos na Escola Técnica Estadual (ETE) Ferreira Vianna.


Entre os trabalhos apresentados pelos alunos, cuja média de idade é 16 anos, estão projetos voltados para a pesquisa e resgate da memória das instituições, como o que foi exposto pela ETE Visconde de Mauá, que conta a história das máquinas utilizadas nos cursos de Mecânica e Eletrotécnica. Orientados pela professora Isabella Gaze, os alunos estão desenvolvendo pesquisa chamada “Entre Graxas, Fresas e Tornos”, que trata a história de todo o maquinário que é empregado nos cursos da instituição, o que remete, não só à história da Escola Técnica, mas também à própria região onde está sediada a unidade, Marechal Hermes, o terceiro bairro operário do Rio de Janeiro.

 
“Acho o projeto Jovens Talentos da Faperj uma experiência incrível para os alunos bolsistas de pré-iniciação científica, eles têm aquele primeiro contato com a pesquisa, com as fontes, com o olhar científico para alguma coisa que você quer conhecer. E, no caso da história, algo importantíssimo porque eles conseguem perceber que a profissão que eles têm, que o curso técnico que eles exercem também tem uma história e esta é uma oportunidade que se tem de resgatá-la. Nós estamos em uma Fundação que tem um acervo riquíssimo, são escolas centenárias dentro da Faetec, que faz parte da história da educação profissional do Rio de Janeiro. Isto abre o horizonte do aluno, o técnico não é só aquele que aperta a mão ou o parafuso, como a gente costuma falar, é aquele que pensa, que tem uma visão de mundo. Esse projeto permite que eles pensem sobre a profissão deles, sobre a máquina, a tecnologia e essas mudanças na história”, diz a educadora.      


Através da pesquisa, os alunos Clara Castelluccio, Gustavo Alves Germano, Luís Daniel Costa de Oliveira e Luis David Costa de Oliveira resgatam a história de todo o maquinário proveniente de países como a Tchecoslováquia, Hungria, Alemanha Oriental e Polônia por meio de um convênio estabelecido entre o governo federal e aqueles países, para uma escola técnica no subúrbio do Rio de Janeiro. A partir de ofícios, cartas, planilhas e telegramas trocados entre o Diretor Walfrid Leocadio Freire e a Comissão Especial para Execução do Plano de Melhoramento e Expansão do Ensino Técnico e Industrial, os estudantes apontam para as mudanças promovidas desde a década de 1960 no Ensino Técnico.

 

 

Única estudante do sexo feminino do grupo, Clara Casteluccio ressalta a importância da chegada do maquinário, que possibilitou a prática nas aulas dos cursos, o que ocorre até os dias de hoje.

 
“Estamos sempre atualizados em relação às novas tecnologias e é muito importante saber o que possibilitou esse aprimoramento. Embora não seja comum termos mulheres atuando nesta área, sempre fui muito curiosa, especialmente por ter em casa, a influência de um mecânico. O trabalho na pesquisa me incentivou ainda mais a estudar e me aperfeiçoar", diz a estudante.

 
Ainda em relação à pesquisa, alunos da ETE Ferreira Vianna buscaram a interatividade para contar a história da escola através do projeto de Conservação do Acervo Documental da escola, que em seu Centro de Memórias conta com a assinatura do Imperador Dom Pedro por ocasião de uma visita à instituição onde estudou a Princesa Isabel.


“Em um ano e meio de bolsa, nós mergulhamos fundo nesta pesquisa e conservação de documentos e objetos da escola que datam de 1888. Desenvolvemos um banco de dados, trabalhamos na hemeroteca digital, no acervo museológico onde criamos prateleiras específicas para o setor de educação física com troféus de 1968. O projeto em si busca a inserção da afetividade, fazendo com que a comunidade escolar traga suas lembranças como forma de resgate. Princesa Isabel, Cruz e Souza são nomes que fazem parte da história do Ferreira Vianna. A partir dessa pesquisa, criamos um jogo onde o público pode conhecer, de forma interativa, a história da nossa escola de maneira lúdica e divertida”, diz Rafael Cardoso Azevedo, que atua no projeto juntamente com as alunas Izabelle Carvalho, Júlia Victória Souza e Valentina Auadi.

 

 

 

A produção e reprodução de informação também foi destaque nos projetos da ETE República e ETE Juscelino Kubitschek, que apresentaram o "A Voz da República" e "Diário JK", publicações feitas pelos alunos fomentando notícias em geral.


Criado para que os alunos que tenham um dom, uma habilidade, um talento, qualquer que seja, o "Voz da República" é um veículo para que todos possam se expressar, seja através de música, poemas, notícias ou imagens. Através do projeto os estudantes exercitam a escrita preparando resenhas de filmes, livros entre outros temas que são publicados mensalmente no jornal que é desenvolvido por um grupo de 25 alunos. Também da ETE República, o projeto Multiplicadores e o Núcleo de Ensino de Línguas também apresentaram os resultados que estão obtendo através da monitoria para os alunos da instituição. Através de materiais lúdicos e visitas a espaços que remetem à cultura latino-americana, os estudantes não só podem praticar o idioma, mas também expandir o vocabulário e o conhecimento sobre o idioma.


Nesta mesma vertente, os alunos que integram o Laboratório de Leituras, projeto da ETE Ferreira Vianna cujo objetivo é fomentar a leitura e a argumentação do corpo discente, promovendo eventos como a Ocupação Cultural, que este ano levou a escritora Conceição Evaristo às dependências da escola. O projeto existe desde 2016 tendo a própria escritora como madrinha do espaço.


Segundo Gabriel Junior, um dos integrantes do grupo, o projeto amplia a visão dos colegas frente à leitura e os temas cotidianos. Ao trabalhar temas como machismo, saúde mental, entre outros, a comunidade escolar pode debater e interagir através da Rede de Leitores.

 
“A Rede de Leitores possibilita uma discussão bastante interessante sobre diversos temas. Este ano discutimos a saúde mental através do tema À Flor da Pele, dentro da Ocupação Cultural. É neste momento que a gente consegue ver tudo o que a gente trabalhou rendendo frutos através dessas conexões”, diz o estudante de 19 anos.

 


Sustentabilidade e Tecnologia caminhando juntos


No que se refere à criatividade, os alunos Faetec também foram destaque. Com papelão e cola, os estudantes da ETE Santa Cruz desenvolveram uma série de jogos que incentivam o aprendizado da matemática e a construção do conhecimento lógico.

 
“Esses jogos visam também à educação ambiental porque utilizamos material reciclável, criando também uma conscientização frente ao descarte adequado. Cada jogo pode ser adaptado para um público alvo diferente, sendo possível a gente atingir faixas etárias variadas, por exemplo”, dia a professora Edna Ribeiro dos Santos, orientadora do grupo formado por Thiago da Cruz Pereira, Lucas Amorim de Souza, Isabela Pinto de Oliveira e Ana Beatriz Casemiro.

 
Entre os jogos apresentados pelo grupo, o uso do raciocínio lógico é predominante. Um jogo da memória utilizando fórmulas matemáticas foi um dos mais acionados pelo público que frequentou o evento. “Este jogo é interessante porque podemos adaptá-lo conforme o nível ou a série do aluno. Nele você tem, de um lado, a fórmula, e de outro a resposta”, diz Thiago, aluno do Ensino Médio.


Já a equipe da ETE Ferreira Vianna deu foco no uso das lâmpadas de LED para apresentar um divertido autorama. Na corrida, não basta ser bom condutor, é necessário ter agilidade no comando do controle remoto que determina quem vence a disputa.

 
“Quem apertar o botão mais rápido, vence. A cada volta, os comandos vão sendo alternados”, diz Gustavo Dantes.  O futebol de robôs, que fez sucesso na Rio Innovation Week, feito com material reciclável, e o barco feito com garrafa pet são também inovações que estão disponíveis para desenvolvimento das tecnologias.


Já Daniel Felipe dedicou-se aos resultados do braço robótico, que pode ser usado na área de offshore, indústria em geral ou no segmento hospitalar, na realização de cirurgias, sem que haja prejuízo para a mão de obra humana. O custo do projeto também é de encher os olhos, com R$150. “No caso das cirurgias a longa distância, por exemplo, o braço mecânico vai atuar sob o comando do médico, através do wifi”, diz o estudante.