Alunos do curso de Produção de Moda da Faetec assistem palestra sobre Decolonização da Moda

Atividade fez parte das ações do Fashion Revolution, movimento global que existe desde 2014 e que trabalha para que a moda conserve e restaure o meio ambiente, priorizando as pessoas acima do lucro. Feira de Trocas e Oficina de bordado completaram a programação

Apostando na formação de uma geração de profissionais mais conscientes e que enxerguem a moda como um potente produto de transformação social e ambiental, estudantes do curso Técnico em Produção de Moda da Escola Técnica Estadual República se engajaram nas ações promovidas pelo movimento Fashion Revolution e promoveram um dia de atividades voltadas para o compartilhamento de saberes e experiências. Organizado pela professora Rafaela Salgueiro, que leciona produção de estilo e desenvolvimento de coleção, o evento transformou a manhã dos alunos do curso com muita informação.

“O Fashion Revolution é um movimento internacional em prol de melhorias ambientais e sociais na moda. Essas ações acontecem a partir de 2014, quando o desabamento do Rana Plaza, um edifício comercial em Bangladesh, completa seu primeiro aniversário. Na construção, que abrigava 05 fábricas de roupas, foram feridas 2.500 pessoas, entre elas, muitas mulheres e crianças, o que denotou a exploração do trabalho infantil nestes lugares que fabricavam para grandes marcas. Hoje, essas ações acontecem durante a semana de 13 a 20 de abril e, ter a Faetec como um dos palcos dessas atividades é importantíssimo porque grandes escolas de moda se movimentam com pautas sobre essa história e nós fomos convidados a participar da ação, justamente por ser uma escola pública dentro de um universo que, sabemos, é bastante elitizado”, diz a docente de 39 anos, que está na instituição desde 2015.

Entre as atividades programadas, uma roda de conversa sobre Decolonização da Moda, que abordou assuntos como legislações sobre marcas e a contribuição da cultura indígena e africana para a moda. a conversa foi comandada pela especialista no tema Cristiane Papiõn, que é descendente de indígenas do Baixo Oiapoque e viaja o Brasil falando sobre intolerância religiosa aos povos indígenas.

 

Consumo consciente foi abordado na Feira de trocas Shareitt

Também provocando o despertar da consciência sobre o consumo inteligente, o Curso de Produção de Moda recebeu a Feira de Trocas promovida pela plataforma Shareitt, que corrobora com toda a movimentação feita pelo Fashion Revolution. A ferramenta tem o objetivo de adquirir ou desapegar de itens sem que haja envolvimento monetário. Para a ação, os alunos do curso foram incentivados a levar roupas, peças de decoração, livros e eletrodomésticos em bom estado e condições de uso para trocar por novos produtos.

Segundo Maria Stella Bayma, coordenadora do curso, a participação da Faetec em ações como as realizadas dentro da Fashion Revolution reforçam a necessidade da democratização da moda.

“Estamos dentro de um espaço público, com um curso de formação que dura três semestres e que oferece toda a estrutura possível dentro de um universo que é muito elitizado. Essas ações abrem a cabeça dos nossos alunos para a realidade externa porque, nem sempre, eles têm acesso a toda essa movimentação que hoje gira em torno da conservação e restauração do meio ambiente, valorizando mais as pessoas em detrimento do lucro. Quando praticamos uma moda limpa, justa e diversa, nós democratizamos esses espaços e inserimos essas pessoas no mercado já movimentando a cadeia produtiva”, diz a educadora.

Participando das atividades, Lorena Peçanha e Quézia Soares, aprovaram a iniciativa. Enquanto a primeira está iniciando a trajetória no curso, Quézia já empreende no setor. Para ambas, a oportunidade de compartilhar conhecimento e praticar o consumo consciente são as tendências para o futuro.

“Eu já empreendo neste setor e isso se consolidou na Faetec, durante o período em que eu me inscrevi no curso de produção de moda. Hoje, tenho um brechó online voltado para o público mid e plus size e, mesmo já depois de haver concluído o curso, estou sempre reciclando e procurando compartilhar conhecimento por meio das atividades que são propostas aqui”, dia a empreendedora de 26 anos.