Professora da Faetec desenvolve modelo do sistema digestório adaptado para deficientes visuais

 
Alunos que possuem deficiência visual podem aprender o mesmo conteúdo, na mesma velocidade e com a mesma qualidade de ensino que aqueles que enxergam, independente das suas limitações. A oportunidade é fruto do trabalho desenvolvido pela professora Silvia Salgado, da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec). Docente na Escola Técnica Estadual Oscar Tenório, ela é responsável pela criação de um modelo do sistema digestório adaptado para deficientes visuais.

Muitos estudantes da rede pública de ensino possuem algum tipo de deficiência, seja física, cognitiva, intelectual ou outras. A implementação do conceito de acessibilidade e inclusão nas escolas é imprescindível para que todos os alunos recebam a mesma educação e, foi pensando nisso, que a professora de biologia Silvia de Souza Ferreira Salgado escreveu o artigo “A descrição do sistema digestório humano para pessoas cegas por meio de acessibilidade tátil e em áudio”.

O texto é parte de uma dissertação de mestrado defendida por Silvia que, para sua conclusão realizou “a produção de um material acessível para alunos cegos, a partir de um protótipo do sistema digestório, com a sua descrição e fisiologia em partes e integralmente, com legenda em braille e em áudio”, explicou a professora.

O protótipo foi construído com a utilização de materiais que possuem texturas semelhantes às texturas dos órgãos deste sistema, como um prendedor de cabelo, que foi usado para representar uma das válvulas do corpo humano, por ter o mesmo formato e elasticidade. Com esse recurso, os alunos portadores de deficiência visual podem identificar a anatomia e fisiologia do sistema digestório a partir do toque.

A adaptação e construção do modelo do sistema digestório foi feita pela professora com o auxílio de um designer. “Foi uma experiência única. Pude continuar falando sobre a construção desse material, é um material que precisa estar dentro da educação e ao alcance de todas as pessoas que necessitam. Para que entendam o sistema digestório”, declarou Silvia.

O artigo da professora foi publicado na revista Benjamin Constant, que é focada na temática de deficiência visual. Iniciativas como a de Silvia colaboram para uma educação acessível e inclusiva. O modelo do sistema digestório desenvolvido pela professora se encontra disponível na sala de recursos da ETE Oscar Tenório, para reforçar o aprendizado de quaisquer alunos deficientes visuais que estejam aprendendo a matéria.

Vale ressaltar que, por ser um material inclusivo, pode ser utilizado não só por alunos deficientes visuais, mas por todos aqueles que possuem algum tipo de limitação. Hanna Alice, que é aluna da unidade, possui baixa visão devido a um quadro de toxoplasmose ocular, ela experimentou o protótipo na sala de recursos e aprovou o modelo criado pela professora.

“Achei muito legal esse material. Uma pessoa totalmente cega, que não sabe como são os órgãos, poderia aprender pelo tato, o aluno que possui deficiência visual pode entender como é todo o sistema digestório usando esse modelo”, declarou a aluna de 17 anos.