Projetos de alunos da Faetec são premiados na edição 2023 da Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio

Instituição apresentou nove projetos desenvolvidos por diferentes unidades da rede no evento organizado pela Fundação Cecierj. Estudantes de Santa Cruz e Jardim América se destacaram com propostas voltadas para sustentabilidade e proteção ao meio ambiente

A 17ª edição da Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio de Janeiro revelou ainda mais talentos que vêm desenvolvendo suas aptidões para o mundo científico por meio da orientação dos professores da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec). Realizada no último fim de semana no Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro, a Fecti, maior feira estadual de ciências voltada para a educação básica, reuniu mais de 300 projetos realizados por estudantes de diferentes escolas do Estado.

Na mesa de abertura, Caroline Alves, presidente da Faetec, ressaltou a importância da Feira organizada pela Fundação Cecierj, também vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, no incentivo e formação de futuros cientistas.

“É um orgulho receber a Fecti em uma de nossas unidades, principalmente por conta do trabalho e da parceria que temos com a Cecierj. Só de estar na Feira e ter o CNPQ, a Faperj, incentivando esses jovens pesquisadores nesta construção profissional, já somos premiados. É importante também que eles entendam o significado desta participação, pois eles passam por uma avaliação, por um processo seletivo criterioso, e chegar até aqui é uma vitória não só acadêmica, mas para a vida”, disse a gestora que fez questão de assistir à apresentação dos nove projetos selecionados para a Feira.

Representando as unidades Faetec em Niterói, Quintino, Santa Cruz, Mesquita e Marechal Hermes, os alunos apresentaram com sucesso projetos como o Medidor de Consumo de Água e o Óculos para controle de motores voltado para cadeira de rodas, este último, destaque na última edição da Mostratec. Ambos os projetos são produzidos pelos alunos do terceiro ano da Escola Técnica Estadual Henrique Lage. Também de Niterói, o Ecoro, a embarcação coletora de resíduos e óleo chamou atenção pela proposta de contribuição para a despoluição de rios e lagoas.

A educação ambiental foi proposta de forma preponderante nos projetos dos estudantes da Faetec. Alunas da Faetec Mesquita desenvolveram tijolos adobe, um material mais barato e ecológico que pode ser um grande agente de baixo custo, beneficiando a população local; a descontaminação do solo também foi preocupação dos alunos da unidade Santa Cruz, cujo projeto incentiva o descarte adequado das pilhas inutilizadas.

Orientado pela professora Ana Paula Benevides, o projeto ficou em 2º lugar na categoria Ciência Exatas e da Terra e indicado para participar do Ciência Jovem 2024, organizado pelo Espaço da Ciência de Olinda (PE). Denominado “Contaminação de Solos por Zinco e Manganês devido ao Descarte Inadequado de Pilhas”, o projeto enfatiza os impactos causados pelo descarte de pilhas em locais inapropriados, como o lixo de casa.

“Foi realizada uma enquete com alunos, funcionários e professores da Escola Técnica Estadual Santa Cruz (ETESC); e 61,2% dessas pessoas não sabiam quais eram os metais presentes nas pilhas comerciais; 52,1% fazem o descarte em lixo comum; e 68,6% não sabiam onde estavam os pontos de coleta próximos à sua residência. Isso revela a importância da educação socioambiental. Esperamos, com a divulgação deste trabalho, propor um projeto de lei para a fiscalização do descarte de pilhas no Estado, além de tornar a ETESC um ponto de coleta seletiva de pilhas”, enfatiza a docente, que orientou em conjunto com as professoras Isabela Cristina Borguignon e Paula Goulart.

Morador de Santa Cruz, Gabriel Xavier, 17 anos, que está no 2º ano do Curso Técnico em Química, ressalta que a escola foi primordial no processo.

“Foi uma sensação incrível ver que todo nosso esforço foi reconhecido, que a ciência e a tecnologia têm um papel de tamanha importância na sociedade, e de que a nossa pesquisa iria poder encontrar mais pessoas. Gratidão foi a nossa palavra-chave para esse momento”, finaliza o estudante, que desenvolveu o projeto junto com os alunos David Soares, João Victor Pereira, Maria Eduarda Bonfim e Sarah Polyana de Paiva. Nele, o grupo simulou o impacto com quatro pilhas comerciais de cada tipo: Zinco e Alcalina, e obteve como resultado um aumento de mais de 200x a concentração de zinco no solo. Na escola, uma caixa de coleta de pilhas foi instalada para que os alunos e funcionários realizassem o descarte, sendo coletado cerca de 1kg de pilhas. Na FECTI, 19kg de pilhas foram arrecadadas para o correto descarte ambiental.

Também premiada na Feira, a Escola Técnica Estadual Juscelino Kubitschek (ETEJK), do bairro Jardim América, ficou em 4º lugar na categoria Interdisciplinar com o projeto “Faetequinho: Elos Sustentáveis por uma Educação de Qualidade” que, por meio da reciclagem do óleo de cozinha utilizado nas residências do bairro, possibilitou a criação de um curso gratuito que atende à população local com interesse em se preparar para estudar na instituição.

“Fizemos uma pesquisa em que identificamos o impacto do descarte inadequado do óleo nos bueiros do bairro, o que afeta a qualidade dos rios da região. O Faetequinho é um curso preparatório para o concurso da Faetec, como forma de acessibilidade da comunidade do entorno à nossa escola, bem como de ampliação e consolidação das ações de sustentabilidade do Projeto, para além dos muros da escola. O curso é subsidiado pela coleta de óleo vegetal usado e é oferecido de forma totalmente gratuita. Na formatação do Projeto, o Faetequinho engloba as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, que são as demandadas na avaliação para ingresso na rede Faetec", explica Caroline Porto.

Coordenado por Caroline, o Faetequinho funciona desde 2014 e, neste período, realizou a formação complementar de 278 estudantes, sendo 33 deles aprovados em escola de ensino médio técnico, e coletou 13.737 litros de óleo. Atualmente, em média, os alunos produzem 200 barras de sabão de 100g por mês, produto derivado da reciclagem do óleo.

Moradora de Rocha Miranda, Ana Julia Joppert, 18 anos, está no 3º ano do Curso Técnico em Administração e ingressou no projeto no início deste ano. “Foi muito bom poder ajudar um projeto tão impactante quanto o Faetequinho. Apresentá-lo na Fecti foi uma grande oportunidade para mim como futura profissional e principalmente para o maior reconhecimento do projeto em si. Além disso, ganhar essa premiação dentre tantos outros bons projetos é extremamente gratificante e recompensador”, completa a estudante, que também teve Elton Lucas e Jennyffer Beatriz como companheiros no desenvolvimento do projeto.