Inclusão, sustentabilidade, gênero e tecnologia são temas do terceiro e último dia da Semana Pedagógica da Faetec

 

Da teoria à prática, através de debates e oficinas. Assim também foi o último dia da 1ª Semana Pedagógica da Faetec, que na última quarta-feira (07) focou nos temas da inclusão, sustentabilidade, gênero, sexualidade, neurociência e inteligência artificial. Na parte da manhã, a mesa redonda foi sobre “A Inclusão como caminho para a sustentabilidade humana”, com Dell Delambre e Marcelo Fernandes, com mediação da Doutoranda em Ciências, Tecnologias e Inclusão, psicóloga clínica e sexóloga, Sonia Mendes. Ela afirma que para existir a inclusão é necessário que se tenha sustentabilidade.

“A proposta de hoje é a inclusão, a partir de alguns pressupostos, mas nem sempre a gente se dá conta deles. E o principal pressuposto é a sustentabilidade. Depois de um ambiente pós-pandêmico, diante de tantos desafios que estamos tendo, alunos com alunos, alunos com professores, professores com professores, como esse universo, meio ambiente, como enquanto sociedade podemos viver com qualidade. Essa proposta perpassa pela escola, pela educação. E a inclusão permite que cada um encontre seu lugar no universo, exercendo de forma potente o seu protagonismo. Quando a gente entende a inclusão para além das doenças, transtornos, e a gente pensa com cada um ocupando seu lugar, precisamos entender que é dessa forma que o universo sobreviverá”.

Dell Delambre é formado em ciências humanas e exatas, além de graduação em Pedagogia, Teologia, mestrado e doutorado em Teologia, doutorado em Museologia e pós-doutorado em História Comparada. Atualmente desenvolve um trabalho focado no ser humano, para ensinar a transição do eu-fraco para o eu-forte, e desenvolver o que a pessoa tem de melhor, autonomia interna.

“Trabalho isso também com instituições para que elas desenvolvam a autonomia do outro, a construção do eu que é forte em tensão com o eu que é fraco, não frágil. O fraco, outro toma a decisão da vida dele. O forte, você toma o protagonismo da sua vida, sempre numa percepção coletiva. A sustentabilidade é o segundo conceito que desenvolvi, reconhecido inclusive fora do Brasil, porque ela não pode ter apenas uma perspectiva técnica. O primeiro pilar para construir a sustentabilidade passa pela construção do novo ser humano. Esse eu-forte é também um eu-sustentável. Aqui para nós, na América Latina, tudo envolve a natureza, pois pode-se usar lenha para aquecer a comida, se faltou comida, buscamos na natureza. Ou seja, na verdade, a gente arranca a palavra sustentabilidade para dizer um novo estilo de vida. Está tudo integrado, mas o ponto de partida é o eu-forte, mas no mundo a sociedade é do eu-fraco. Mas o grande processo de inclusão é você ser simplesmente você, e não o que fizeram com você.

Formado em História, mestre e doutor em Políticas Públicas, Marcelo Fernandes foi o outro componente da mesa. Funcionário público na Secretaria Municipal de Educação do Rio e, atualmente, na Coordenadoria de Educação Infantil e Primeira Infância, ele se considera um apaixonado por processos humanos, que a beleza da vida perpassa nas relações que se estabelece e que o processo de inclusão educacional ainda não foi feito.

“Estar aqui com vocês discutindo sustentabilidade, relações sustentáveis, processos inclusivos, direitos humanos, direitos do outro ser quem é, num mundo no contexto do agora, para mim, é extremamente prazeroso. O humano tem muito a necessidade de conceituar para assumir um lugar. Eu penso que numa discussão de inclusão no Século XXI, a gente percebe que estamos num passo muito curto. Primeiro, quando a gente delimita esse conceito com pessoas com deficiência e transtornos, quando a gente tem no Brasil processos de exclusão social, cultural, econômica, que também perpassam pelas pessoas com deficiência. Em alguns momentos, parece que a pessoa, quando possui uma deficiência, você esquece que ela é sujeito. E você acaba negligenciando os direitos dela enquanto sujeito. Passa a ser olhado com um cuidado diferenciado, mas precisamos entender que o que nos iguala é o direito. Diferente, todos nós somos. A inclusão precisa ser sustentável, mas ela ainda não é. A nossa história enquanto sujeitos educacionais, remetendo ao locus que nos encontramos, a escola por si, na sua história, se constitui excludente. O advento da escola para todos é um tema muito novo, não nos damos conta disso ainda. A gente pensa que temos um processo educacional inclusivo, mas ainda estamos em construção”.

Após uma breve parada para o almoço, na parte da tarde aconteceram as oficinas, que foram distribuídas pela Faeterj Rio, Faetec Quintino (antigo CVT) e Escola Técnica Estadual República. Uma das mais procuradas foi das professoras Centro de Apoio Especializado à Educação Profissional (CAEP) Favo de Mel, Ana Paula Pacheco e Ana Cristina Carvalho, que falaram sobre “Inclusão Laboral e Acessibilidade”. Também aconteceram oficinas de “Gênero e Sexualidade” com Denize Sepulveda e “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável” com Ana Costa.

 

 

Outras duas oficinas também tiveram muitos inscritos. Uma delas foi “A Inteligência Artificial como Ferramenta Pedagógica”, do professor de filosofia Emmanuel Fraga, da Escola Técnica Estadual República, que teve todas as cadeiras ocupadas do laboratório de Informática da Faeterj Rio. Ele justificou a importância do evento.

“O Brasil é o que mais utiliza Inteligência Artificial em empresas e uma escola técnica não pode ficar para trás”, justifica.

“Neurociência e Aprendizagem na Prática” foi apresentada por Veronica Cruz da Diretoria de Educação Superior (Desup) da Faetec, também teve a presença de muitos educadores e ressaltou o papel da neurociência para a aplicabilidade nas escolas.

“O cérebro da pessoa com autismo, por exemplo, não tem a mesma capacidade de outras pessoas em associação. É fundamental que, na nossa prática pedagógica, atender pessoas com deficiência é importante trabalhar com previsibilidade, para podermos ser inclusivos”, finaliza.